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Hoje eu estava sentado num banco.
Num banco estava eu sentado hoje.
Sentado num banco hoje eu estava.
Sentado hoje estava eu num banco.
Hoje sentado num banco estava eu.
Eu sentado num banco estava hoje.
Estava eu hoje num banco sentado.
Percebi que estava sozinho, exatamente como pretendia... Ou talvez não, jogos de marketing acontecem com o emocional também, creio eu.
Hoje eu pretendia sentir algo diferente dos outros dias comuns, então me sentei decididamente naquele banco e ele me fez companhia; falávamos sobre o que eu conseguia ver no horizonte, talvez fosse melhor dizer o que eu não conseguia ver, pois esta sim era a minha visão predominante naquele instante. É estranho chegar a um lugar onde ninguém conhece você, pior é quando você redescobre que neste lugar, poucos ou nenhum dos presentes se interessam em conhecer-te mais profundamente, ainda pior que o dito anteriormente, é quando se redescobre por mais uma vez que na verdade, de tanto esquivarem-se de querer conhecê-lo, nem você próprio acredita mais ter alguma coisa para oferecer á consulta; a partir de certo momento, tudo começa a ser inútil e nem você próprio se compraria, se fosse o caso.
Pensei bastante, o banco me ajudava nessa missão, pensar é mais difícil do que se imagina, mas ele não falava nada, talvez para não atrapalhar meu pensamento ou talvez para não envolver-se na minha vidinha. Será que ele pensava como aqueles que dizem: “A vida deste sujeito não me interessa?”. Se assim fosse, eu estava outra vez sem sentido ali. O banco não me acrescentava nada, mas para mudar isso, eu precisava de uma carne sólida que sentasse do meu lado e tentasse perceber algo em mim sem que eu dissesse á que estava naquele lugar afastado, sem ânimo e na companhia de um simples banco, pensando nas coisas que talvez as pessoas estivessem pensando, por conta do desinteresse de todas elas em saber mais sobre mim. Entretanto, ninguém apareceu, o mesmo espaço sombrio continuou e eu nele.
Sei lá, há momentos em que a gente quer ser o que tanto sonhávamos, porém somos obrigados a ser aquilo que os indivíduos pensam; daí cai o nosso castelo de cartas. Como sustentar um castelo de cartas, estando ele sob ventos fortes? O vento é destruidor quando quer... Sopra bem devagar, mas quando decide soprar forte, as transformações no espaço em que ele age são terríveis... As transformações em mim foram tamanhas, tal qual a ventania no castelo de cartas.
Tentei então construir um muro! Aparentemente mais forte, mais resistente, mais imponente até! Nele eu me transformava naquele que era o desbravador do mundo e do conhecimento, as carnes sólidas me chegavam rapidamente e todas elas se apegavam rapidamente a mim, declaravam-me amores e admirações e arrependimentos por julgamentos precipitados; e espantava-me aquilo tudo; eu vivia numa caverna, sentado num banco, o mundo através de sombras projetadas na parede! E de repente saia e dava de cara com aquelas transformações absurdas, que somente ocorreram por conta da construção daquele meu muro, aquele que me sustentaria no novo espaço em que estava inserido por bastante tempo, anos á frente.
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