sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Lamento meu!





Sou dono de uma tristeza desmedida que começa lá no fundo da alma e ultrapassa os limites do meu corpo e que não me deixa em paz nunca.
Ao subir e descer escadas ela me acompanha; na sala, em frente á lareira, sentada comigo ela está; quando ando, ela está do meu lado, mas sempre com um passo á frente para que eu não a esqueça quando olhar para os lados.
Pensava que a tristeza era apenas a coisa maluca contida na cabeça de alguns desestabilizados, porém pude ver algo mais profundo a partir de mim mesmo: a tristeza é sã. E essa sanidade é tamanha que, quando menos se espera, ela vem e te pega de modo inesperado, invade teu corpo, age como sanguessuga, nutrindo-se da última gota de sua noção de mundo e finalmente, o torna louco no lugar dela.
Ela torna-se freqüente, cotidiana, passa a fazer parte de seu discurso, da sua filosofia, da sua lógica de vida, mais tarde torna-se seu café da manhã, almoço e jantar... Sua água, seu ar, seu sono, sua hipertensão. Vai de modo invisível, sem receio, sem remorso e torna-se o seu olhar, sua postura, o incômodo no teu peso, o tamanho do teu passo.
Segue tornando-se tudo, até tomar o corpo por inteiro, não deixando para ele nenhuma brecha por onde ele possa ter luz, nem som, nem sonhos... Nada que o vivifique.
Segue assim até que a morte os separe.




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