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Não tenho nada para fazer;
Nada para falar;
Estou sozinho;
Aqui não se fala em acréscimos;
Fala-se apenas o necessário;
Mas não depois da meia-noite.
Depois da meia-noite vem o sono;
Vem o cansaço e o abandono;
Abandono de si e do outro;
O outro... Que nem se tem certeza de encontrá-lo vivo no dia seguinte.
Não tenho nada para fazer;
Não sei o que devo estudar;
Se é que estudar vale alguma coisa;
Se a coisa que eu busco precisa mesmo de estudo;
Se o estudo me fará alcançar esta coisa;
Será que a vida não me dirá outra trilha?
E ela, estará comigo ainda nesta nova passarela?
Não tenho nada para fazer;
Apenas ouço música antiga;
Sinto-me então mais antigo que ela;
Talvez para procurar a paz em meu subconsciente;
Caso esteja certo esse meu conceito de consciência.
Penso em você, penso com tanta intensidade;
Sabendo eu, mesmo sem reconhecer, da sua desinformação;
Insisto em querer você, por que meu corpo pede;
A gente tem essa mania de desejo;
A gente tem essa mania de sofrer pelo impossível.
Não tenho nada pra fazer;
Essa é apenas mais uma madrugada;
Não tenho amigos agora;
Não tenho pai nem mãe agora;
Não tenho a menina que declare seu amor por mim;
Nunca tive.
Minto... Tive, mas éramos tão novos e imaturos;
Não imaginava que meu futuro seria tão duro.
Não tenho nada a fazer;
Os textos me despertam sentimentos que não são os que eu necessito;
As músicas lembram-me situações que ainda anseio viver;
As pessoas com as quais convivo só aumentam a minha desesperança.
As coisas que escrevo apenas assustam aos corajosos que as lêem;
Os meus pensamentos apenas desestimulam os otimistas;
Eu, em mim mesmo, sou uma dissimulação.
Não tenho nada pra fazer;
Portanto não ando, perdi minhas pernas;
Não falo, tenho um câncer emocional mortal.
Não ajo, meus músculos encurtaram-se;
Não vivo, não sei por que, na realidade.
Apenas sei que não tenho nada pra fazer.
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