domingo, 9 de outubro de 2011

Foi Engano

É uma das estradas mais tenebrosas de minha vida. Trata-se da armadilha que a vida preparou para me pegar desprevenido, totalmente absorto das possibilidades. Volto agora ao meu posto inicial, costuro mais uma vez a minha língua e remonto o meu velho discurso. Acreditei que um simples tempo tomando uma fresca pela janela fosse o suficiente para ter ar nos pulmões e respirar eternamente. Vejo que tudo é diferente daquilo que imaginei.
Eu fui enganado pela vida que me deu toda a esperança e vestiu-me com ela; fui conquistado pela sua tentadora proposta de plenitude e felicidade. Tão bem isso ela fez, que durante alguns poucos meses esta sensação inundou-me tal qual uma enchente. Tão real ela foi que em momento algum desconfiei e me rendi como um peixe atraído pela isca.  Eu fui enganado pela vida e novamente bebi do veneno cujo efeito eu jurei que jamais me alcançaria de novo. O veneno foi certeiro desta vez.
Sinto um grande incômodo em meu peito, uma inconformidade, uma impressão de que trabalhei em vão, de que jamais serei recompensado e que ser o que eu sou nunca valeu a pena; afinal, nunca me viram deste ângulo.
Olhe para o meu quarto. Veja quantas lembranças suas estão lá expostas. Veja quanto do seu aroma permanece vivo lá dentro. Entenda como eu tenho sobrevivido naquele lugar... Eu sei que você está bem, mas eu não estou. Por que é em mim que as facas estão sendo jogadas, que as pedras estão atritando, que o medo está habitando, talvez, para sempre.
Estou com medo.
Estou sozinho. Sem paz. Sem sono. Sem metas, agora. Sem expectativas.
Estou sem você.