segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Singular







Agora não são mais dois;

Não há mais dois olhares;

Não há mais dois sorrisos;

Não há mais dois seres.



Agora é apenas um!

Um distante do outro;

Um distinto do outro;

Um indiferente ao outro.



Agora não são mais sonhos em comum;

Já não há mais planos;

Inexiste agora o “nós”;

Pois os nós foram desatados.



Agora só há esperanças mortas;

Planos destruídos;

Um enfadonho cotidiano singular;

Pois os nós foram desatados.



Não há mais música;

E dança que eu danço agora;

É só pra dizer no silêncio de minha alma;

O quanto eu a amo.



Agora não há mais rotas nem atalhos;

As respostas se esvaíram, as perguntas se multiplicaram;

Restei apenas eu, neste mundo inteiro;

E eis aqui, sozinho, o leão que se apaixonou pelo cordeiro.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Longa estrada

Sempre aprendendo. A vida é condutora, sedutora. Nesta minha fase que quase pareceu um desastre, tive o prazer de experimentar sensações que marcarão minha história.
Aprendi o quanto é bom que nos alimentemos de esperança, de vez em quando, ela faz um belíssimo trabalho. Ela nos mune de uma força que jamais imaginávamos saber lidar e nos condiciona a enxergar tudo pelo viés positivista; a esperança é a única que aposta em nós antes de nós mesmos.
Aprendi que amar vai além do que temos como motivos para esboçar este sentimento, que o amor não se trata de um carinho profundo pelo outro, mas por uma necessidade de sentir-se útil e suficiente.
Aprendi que a coisa mais fantástica do mundo é sair de cabeça erguida depois da guerra, entendendo que tudo que foi feito representa, de fato, a necessidade daquele momento e que a missão foi cumprida dentro do que se propunha fazer ou até além.
Até hoje, aprendi que a tarefa de salvar o mundo não é minha, pois as pessoas não querem ser salvas, elas anseiam ser entendidas e isso nem sempre significa que precisem de sua ajuda ou compaixão para com elas. Outras formas de ação podem ser tão precisas quanto a conduta de bom samaritano e ainda assim, nem todos terão chance, maturidade ou capacidade de compreender esta façanha.
Aprendi que vivo num lugar que espera o Armageddon, mas que vive nele sem perceber e respira o seu ar quente e vomita labaredas, destrói sonhos, desfaz futuros, cria ranços indomáveis, mata-os e come-os.
Aprendi que sorrisos emocionam, palavras explicam, gestos concretizam e olhares fazem tudo isso e mais um pouco. Através dos olhos, eu pude entender a verdade contida no coração de muita gente e que mesmo distante de alguns, consigo senti-los e ouço-os gritar de saudade ou talvez de arrependimento.
Durante todo este tempo, até o dia de hoje, noto o quanto que o meu corpo evoluiu e o quanto eu ganhei. Aprendi o quanto uma simples mudança no modo de se autoavaliar altera também o olhar do restante do mundo. Que cada aniversário significa mais uma oportunidade de avançar na vida e recompor a mesa e recomeçar o jogo. Que cada amor nos ensina a ter este sentimento por nós mesmos sempre mais. Que cada perda deve ser encarada como uma vitória até aquele ponto e uma nova batalha dali por diante. Que cada minuto que passa pode ser o mais lindo de sua existência, o mais perfeito, o mais longo, o mais sincero.
Aprendi que eu não cresço, me expando.


domingo, 9 de outubro de 2011

Foi Engano

É uma das estradas mais tenebrosas de minha vida. Trata-se da armadilha que a vida preparou para me pegar desprevenido, totalmente absorto das possibilidades. Volto agora ao meu posto inicial, costuro mais uma vez a minha língua e remonto o meu velho discurso. Acreditei que um simples tempo tomando uma fresca pela janela fosse o suficiente para ter ar nos pulmões e respirar eternamente. Vejo que tudo é diferente daquilo que imaginei.
Eu fui enganado pela vida que me deu toda a esperança e vestiu-me com ela; fui conquistado pela sua tentadora proposta de plenitude e felicidade. Tão bem isso ela fez, que durante alguns poucos meses esta sensação inundou-me tal qual uma enchente. Tão real ela foi que em momento algum desconfiei e me rendi como um peixe atraído pela isca.  Eu fui enganado pela vida e novamente bebi do veneno cujo efeito eu jurei que jamais me alcançaria de novo. O veneno foi certeiro desta vez.
Sinto um grande incômodo em meu peito, uma inconformidade, uma impressão de que trabalhei em vão, de que jamais serei recompensado e que ser o que eu sou nunca valeu a pena; afinal, nunca me viram deste ângulo.
Olhe para o meu quarto. Veja quantas lembranças suas estão lá expostas. Veja quanto do seu aroma permanece vivo lá dentro. Entenda como eu tenho sobrevivido naquele lugar... Eu sei que você está bem, mas eu não estou. Por que é em mim que as facas estão sendo jogadas, que as pedras estão atritando, que o medo está habitando, talvez, para sempre.
Estou com medo.
Estou sozinho. Sem paz. Sem sono. Sem metas, agora. Sem expectativas.
Estou sem você.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Continua... Tudo continua





Ainda não acabou. Eu sei que ainda não acabou. Sinto que a cada traço de otimismo persiste o medo e a sensação de aridez. Eu, num corpo que de vez em quando ainda me decepciona, luto contra aqueles que acham normal as desfeitas como se elas fossem elogios e como se estes significassem para mim numerosas barras de ouro.
                Sou eu quem permito, quiçá tenha acostumado com o fato de que consinto, mesmo sendo essa uma atitude de proteção, um acastelamento contra as granadas em mim jogadas na tentativa de derrubar o muro que eu criei.
                Ainda não findaram as palavras que soam intolerância, não acabaram as fofurinhas venenosas de tantos que dizem querer o bem e afirmam sê-lo e atestam pregá-lo, mas que na prática é só mais um discurso vazio, tanto quanto as palavras proferidas em meu nome tão ruinosamente. Ainda não cessaram as ameaças, as diretas, as indiretas, as fortes, as fracas, as claras e as inibidas. Continua tudo muito presente em minha vida... Nesta que ainda não acabou não sei por que.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Nada


Não tenho o que falar de vez em quando. Daí eu faço uma metalinguagem: o silêncio falando de si mesmo. Por que essa é uma forma de preencher algumas linhas de palavras, quiçá, sem sentido, e fazê-las lidas por pessoas que ainda não compreendem que até mesmo o nada é capaz de expressar algo, caso ele fale de si próprio. Enquanto isso, eu penso como estas palavras estariam invertidas caso não fosse o nada meu assunto principal nestas linhas bobas de escrita sem função alguma.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Amor meu...




 
Você sabe o quanto é importante para mim. E sabe que sou tão romântico que ás vezes repito as mesmas coisas por falar sempre tudo de uma só vez. Mas não faz mal, melhor repetir do que remediar; concorda? Um bom pedaço de tempo já se passou e nós estamos enfrentando, juntos, todas as tempestades que tentam abalar nosso amor, as externas e as internas.  Com meiguice, compreensão e sensatez, estamos cuidando da nossa relação e fazendo dela um muro forte, uma injeção de ânimo para mais um dia em paz com o mundo e conosco.
Esses tem sido dias atribulados para nós dois, pois as coisas nem sempre obedecem ás nossas vontades, mas entendo que isso tudo é tão normal quanto esquecermos o leite no fogão: ele derrama, porém limpamos e o leite continua na panela, pronto para ser saboreado. Tenho lidado com seus extremos, aquelas partes de você que não se sabia que existia e estou aprendendo a lidar agora. Você tem guerreado com minha personalidade dominadora, do querer sem tréguas, do desejo ás vezes desenfreado. Entretanto, usufruímos o que há de melhor do outro, cada coisinha que nos agrada é aproveitada como se fosse o último gole de um vinho vinte e cinco anos, como se fosse a última colherada no prato mais saboroso, como se fosse o primeiro gole de água depois de um longo dia debaixo do sol escaldante.
Graças a Deus, sabemos o que queremos até aqui. Eu estou feliz, completamente. Você é a mulher perfeita para mim, a pessoa da qual quero cuidar para sempre, a menina a qual quero ter nos braços, a garota da qual realizarei sonhos, o ser do qual quero me embebedar de amor para o resto de minha existência. Tudo isso você já sabe. Porém, a necessidade de dizer é grande, é como um barril cheio que, inevitavelmente, transborda.
Quero poder dizer sempre, a todas as pessoas que um dia me viram triste, decadente e sem nenhum plano de vida compartilhada, que hoje eu tenho você. Quero poder informar para os medíocres que independente de preconceitos e dificuldades que rondem a nossa relação, nós seremos sempre o refúgio um do outro e que eu não vou se você não for; que eu não faço se não fizer contigo, que eu não tenho força se você não tiver. Somos amantes um do outro. Eu te amo por isso.

Deste Que Te Ama.


sexta-feira, 25 de março de 2011

Satisfações á Dança

Quando paro e penso: “Estou precisando pensar nisso”, é por que para mim a coisa já começa a perder a força. Claro que esta não é uma regra, portanto, por gentileza: “NÃO LEVAR ESTE TEXTO AO PÉ DA LETRA.”
Tratando-se de arte, sei que morrerei explodindo de sensibilidade e de um fazer artístico que me assume por inteiro. Também sei que os sentimentos estarão em mim presentes de forma pura até este meu último dia e que ninguém jamais os poderá sentir da forma verdadeira como eu os sinto e, portanto, jamais o compreenderão em total contextualização comigo. Arte não se aprende, se sente, se prolifera dentro de cada ser, contamina-o e complementa-o. E antes de qualquer conceituação óbvia sobre isto, refiro-me á arte apenas no campo catártico.
Já se tratando de dança, tenho minhas alegrias, minhas vitórias, mas também tenho, como todo dançarino tardio, minhas desesperanças e tristezas profundas, minhas clausuras e minhas lágrimas. As minhas lamentações, infelizmente, não superam minhas conquistas, visto que tais lamúrias são-me despertadas a cada momento em que a Grande Dança em meu interior acorda, mas o meu corpo não corresponde ao seu alerta.
Os anos da minha vida foram dedicados, não sei a favor de quem, á rotinas religiosas que admito terem sido a base para minha educação e para um caráter conservado. Entretanto, como ganhar é perder, eu tive o meu ônus e este foi o apartamento das artes durante anos de minha vida e que me detiveram de realizar um grande desejo de meu espírito. Quando dei-me conta de que havia perdido muito tempo num lugar onde, de fato, eu jamais fui bem aceito e até hoje não sou, o tempo já havia passado o suficiente para que eu desse por perdida todas as chances de me tornar quem eu realmente queria ser, bailarino.
A primeira chance que tive de perseguir meu sonho, o fiz sem a mínima piedade ou pudor de quem poderia estar falando e por muito tempo fui perseguido severamente por aqueles que tentavam a todo custo difamar o meu caráter. Mas a dança jamais me descaracterizou enquanto ser humano, eu jamais me misturei com os estereótipos nela presentes, pois não era isso que me interessava, a dança com a qual eu sempre sonhei se fazia diferente em meu corpo, eu a idealizava mais pura e mais pessoal.
Quando cheguei á Universidade, portas outras se abriram para mim e foi a partir daí que eu percebi a dimensão de tudo que eu tinha perdido, pude conhecer a verdadeira dança e sua verdadeira função e estas questões estavam sendo todas trabalhadas em meu corpo na prática. Era meado de 2010 quando conheci a Dança Moderna em uma autêntica sala de dança, gerida pela voz de uma potente e altiva mestra. O meu primeiro grande momento. Eu estava prestes a completar 21 anos (tal qual a ilustre Martha Graham). Na primeira aula senti a sensação de já ter sido dali em algum instante da minha existência, senti-me tão bem (mesmo com olhares rústicos em minha direção)!
Mas infelizmente, eu havia chegado tarde aquele lugar. A Grande Dança está em mim, eu a sinto, eu a vejo, posso falar com ela, posso vê-la até, no entanto, meu corpo não responde mais a ela, não a obedece, não se deixa ser moldado por ela.  Hoje, as circunstâncias todas, separadamente, dão-me caminhos correlatos, mas ao mesmo tempo distintos e no geral, as mesmas certificam-me de que não me é mais possível perseguir o sonho que em silêncio carreguei desde a infância.
Em plena primeira aula, pensei: “Se eu tivesse conhecido este espaço há dez anos, ao menos poderia ter tido uma chance e hoje eu seria outro!"
Lamentavelmente, não tive essa chance! Cheguei tarde para realizar meu sonho. Agora tento me contentar com o prazer de buscar alguma coisa que seja parecida a vontade de ser um dançarino contemporâneo com formação em clássico, mas poucas coisas se aproximam disso. Talvez esteja cedo para conclusões, porém já tenho provas suficientes para acreditar que poucas alternativas me restam.
Resta-me a vida acadêmica na própria Dança ou talvez na Literatura e resta-me também a Música.  Apenas a Dança me tornaria tão completo e realizado como pessoa. Entretanto, o tempo vai passar e até lá novos acontecimentos bordarão minha história para mais ou para menos. Estes bordados vão dizer se existe para mim ainda algo que me console.